quarta-feira

cartas de amor

Pego caneta, papel e uma xícara de café. São 2h26 da manhã, hora de começar.
"Como estás?! espero que bem! Queria começar dizendo que tenho que falar e me expressar de uma vez por todas, assim eu vou acabar com essa angústia de não saber o que se sente..."
Às 2h35 da manhã o primeiro papel é amassado e deixado de lado, vamos começar outra vez. Não pode ser tão difícil falar o que eu quero a ele; o café está acabando, e os pensamentos começam a chegar na minha cabeça ...
"espero que esteja tudo bem contigo e que depois destas linhas as coisas não mudem entre a gente. Eu precisava te falar das minhas lembranças, do modo que eu me lembro dos primeiros olhares, das primeiras palavras, e de como a rua era mais segura quando eu caminhava contigo. Sei que tudo aconteceu de um modo que nem eu entendo, foi tão surpreso pra ti como foi pra mim..."
O café acabou e mais uma folha é amassada. Parece que o nó na minha garganta não desata e com isso as palavras não saem do modo que eu imagino.
Água para mais um café. Noite fria para um verão. O relógio aponta ser 3h02 da madrugada e enquanto o tempo passa rapidamente o sono não passa nem perto de mim. Mais um papel, mais uma xícara de café , e a mesma caneta - cansada de rabiscar fatos que são amassados -.
"Como tu estás, nesta noite tão fria?! Hoje pensei muito em ti, em como te dizer algumas coisas que antes não falei. Por mais que já tenham se passado meses, lembro com muita clareza cada dia que te vi, cada palavras que te falei, e teus gestos como se você estivesse agora na minha frente.
Você que sempre teve um jeito marrento de andar, um sorriso meio lateral, e segredos que ninguém consegue desvendar. Sei que diante de tudo as coisas foram se tornando especiais, que os gostos foram sendo expostos, e os segredos compartilhados. Tantas foram as risadas, e as caras fechadas, os abraços, e os olhares que eu não soube interpretar.
Se eu te disser agora que te amo, já vai ser tarde demais, mas ainda assim eu estou aqui em plena madrugada estranha de verão pra te dizer que nada é em vão e que as coisas sempre são na hora certa, mesmo que a hora certa demore. Quando não estava nos meus planos te ter nos meus braços, você me colocou pra dormir, me aquecendo em um fim de tarde frio; quando não estava nos meus planos te beijar, você caminhou comigo em uma rua vazia, eu pude sentir como era seu beijo em uma noite que jamais vou esquecer; quando não estava nos meus planos te deixar, você me abraçou, pediu para eu voltar, mas mesmo assim você fez acabar..."
Já passaram das 4h da manhã e novamente uma folha é amassada e jogada ao chão. Pode não parecer, mas falar de sentimentos é realmente difícil. E mesmo que eu tente dizer algo, o silêncio vai permanecer por medo do que acontecerá posteriormente.
Então comece a prestar atenção no silêncio, no olhar, em um pequeno gesto; eles podem te dizer algo ou mesmo tudo aquilo que palavras jogadas ao vento vão esconder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário