domingo

nó e alegria: nostalgia

A estrada inteira estava vazia. As árvores balançavam como quem balança o braço enquanto corre. O vento soprava como quem sussurra palavras bonitas no ouvido de quem dorme.
até que a placa avisou: acesso secundário.
Eu já sentia o cheiro daquela cidade penetrando em mim, as lembranças correrem na minha frente como uma criança que brinca de pega-pega na escola, a pele arrepiada perante os olhos estranhos e comuns daqueles que um dia foram parte de mim.
O ano passa e as coisas permanecem, como um dia você deixou. Como a última página do caderno em que você rabisca o mundo e sempre pode voltar para sentir a veracidade. Você deixa mundos onde quiser, deixa histórias vivas e sepultadas, deixa de viver e se sepulta. A vida é você quem escreve, basta só saber a página certa.
Eu precisava acreditar que aquilo era real, que entre goles e sorrisos as memórias estavam sobressaltando-se para fora da gaveta da escrivaninha. O nó que prendia cada passo de voltar aos dias, cada beijo dado na pracinha, cada banho de chuva no inverno. O nó se desatou para dar lugar a uma alegria que contagiou cada segundo.
Saudades de um tempo, de um sentimento, de uma razão para o céu ser azul, das pessoas que irão ficar lá até o dia em que eu entrar novamente no acesso secundário.