quarta-feira

naquele silêncio

Lugar lotado e música alta,
impressionante como ela dança.

Fechar os olhos e não ver ninguém,
abrir os braços e se soltar,
parece que é o vento quem dita o embalo.

A música não importa,
e o ritmo parece ser apenas um: a felicidade.

Ela tem a sorte de estar apaixonada,
sorte do lugar estar se esvaziando,
mas ela permanecer lá dançando.

quinta-feira

Contigo eu usei todas as pedras que entraram no nosso caminho para construir um castelo.

sábado

é impossível não te amar todos os minutos, almejar sentir tua respiração no meu rosto todas as manhãs.
eu não te esqueço, nem se eu esquecer.

terça-feira

saudade


Ela carregava seu chimarrão até o cais do porto para sonhar enquanto o vento se fazia presente e o navio passava abaixo da ponte que dividia terras, pessoas e sentimentos. Nada podia ser pior que tal divisão, às vezes ela queria poder estar em dois lugares ao mesmo tempo para matar saudades ao invés de ter de ficar apenas com retratos expostos na estante para assim poder relembrar os melhores momentos vividos.
Ela sabia, não precisava ser dito, que um mês passaria rápido e a distância faria com que ela esperasse ansiosamente com beijos e abraços, porque o amor não se apaga. Ela sabia que logo ele chegaria com histórias e sorrisos na mala, que ele mandaria cartões postais repletos de saudade, que de algum modo ele estava com ela.
Ah, ela ficava ali, enquanto o pôr do sol dava beleza ao momento, pensando como a saudade apertava seu coração antes de dormir e como uma palavra dele valia muito.

segunda-feira

viagem

Não precisamos de muito dentro da mala, temos um ao outro e isso basta.

minha felicidade está atrás do seu sorriso.

domingo

hug me

meu corpo foi feito sob medida para o teu abraço.

terça-feira

ah, o tempo.


Às vezes você acha que é apenas uma brincadeira de adolescente, dessas que de uma hora para a outra vão ter um ponto final; mas você percebe que se torna diferente de tudo que já viveu.
É uma amizade, um namoro, um companheirismo. É chorar, gargalhar, correr e se divertir. É aumentar o volume do desenho, tomar um copo de coca-cola e comer chocolates.
É viver.
Gosto de ver a tarde chegar ao fim enquanto me beija; gosto de ouvir a sua voz quando existem lágrimas no meu rosto; gosto do chamego enquanto eu acordo cedo; gosto das suas mãos me despindo sem eu precisar me preocupar com as voltas do relógio.
Gosto de ouvir sua respiração enquanto dorme, de me aquecer envolta dos seus braços ou mesmo de uma velha guerra de travesseiros.
Ah, eu gosto de viver assim, de viver com você. Gosto do nós.

sexta-feira

sensação térmica

Sabe, eu vejo os termômetros mostrarem o frio de dois graus que assombra essa cidade, vejo meus dedos quase congelando e meus pensamentos pedindo um calor. Em algum momento você pensaria que um chocolate quente bastaria, que uma lareira aqueceria e uma coberta faria a diferença. Mas eu digo: não! Eu não preciso de nada disso porque eu tenho o que mais aquece um momento: o sorriso sincero e o abraço acolhedor dele.

domingo

erva doce

Senta na varanda com tua xícara de chá, teu cobertor quentinho e espera. Espera a noite chegar porque o mundo já não faz sentido neste final de tarde.
Espera o telefone tocar para eu dizer que entre o certo e o errado eu prefiro você.

quarta-feira

laço de seda

Está garoando e a cafeteria é o melhor abrigo. Ela senta na mesa paralela a janela e vê o movimento das pessoas embaixo de grandes e coloridos guarda chuvas, de casais sorridentes e crianças pulando nas poças formadas. Ela olha e sente cada volta que o relógio dá.
A ansiedade para o fim da semana é o que aquece o coração, enquanto o café aquece suas mãos. Anseia o abraço pela data comemorativa. É muito tempo e muita história; é como chuva que aparece sem pedir; é como o laço no cabelo que enfeita o que já é belo.

- uma colher de açúcar, por favor, para adoçar essa chuva enquanto eu espero meu amor.

domingo

mancha de vinho

Ela pega uma taça de vinho e faz um brinde ao sentimento que ela deu, mas não soube sentir reciprocidade. Brinda com a lua porque é a única companhia nessa noite fria.
Ela se encosta na janela, ferida com as lágrimas que caem pelo seu rosto e com o vento que corta sua pele. Amar dói mais que queimadura de sol, mais que corte com a faca; dói porque é uma dor que a gente não alcança para curar; dói no coração, na mente.
Ela vê o movimento do alto do prédio, vê as luzes que são acendidas a apagadas nos prédios ao lado, vê a lua sorrindo enquanto ela chora.
Ela é uma garota qualquer, com poucos amigos e muitas histórias. Uma garota com fama de má, mas que por dentro é feita de vidro. Vidro que quebra com qualquer toque mal dado, que deixa cacos para serem colados diariamente. Tanta indelicadeza de pessoas que pensam que essa garota tão cheia de si não pode ser frágil o suficiente para derramar uma lágrima.




Ela sou eu, apenas a garota dos relatos mudos para os corações surdos.

sexta-feira

os quatro elementos

Ela se alimenta de sentimentos diários: tristeza, alegria, nostalgia. Ela se alimenta da imperfeição dele e de como isso chama atenção; da saudade que surge de um dia para o outro; de como ele sabe irritá-la facilmente. Ela sabe que a vida é feita de todos os elementos. Do fogo de um abraço, da água de uma lágrima, do ar que ela respira... deles.
Ela dança na rua e canta alto no corredor do prédio; não tem vergonha de acharem suas atitudes ridículas, ela deixa que riam, que pensem, que olhem... pecado é não morder a maçã.

domingo

canetas ao destino

Não somos nós quem traçamos o destino, mas ele quem traça cada linha de nós.
Simples ou não, ficamos a mercê de cada rabisco mal feito ou simplesmente não vemos que linhas tortas são apenas para ensinar a andar nas retas.
Apenas viva, sabendo aproveitar cada decisão do destino; seja um sorriso ou uma lágrima, aprenda.

segunda-feira

minhas linhas são um pedaço da nossa história, eternizada.

sexta-feira

batimentos cardíacos

Você tem meia hora para me ouvir? Cinco minutos para um abraço? Apenas um tempo enquanto a chuva insiste lá fora e eu insisto nos pensamentos aqui dentro?
Enquanto eu fico aqui com esse tal de tempo, olhando para a lua, faminta por entendimento próprio; sentindo o cheiro da chuva caindo na grama, desejando a sua mão secando minhas lágrimas.
Eu fico aqui, segurando uma xícara vazia que anteriormente aqueceu um coração cheio. Cheio de você, de mim, de nós. Cheio de amor, de saudade.
Já passam das duas e trinta da manhã, o tempo se arrasta na minha frente. Agora, eu telefonaria para você pelo simples fato de ter perdido o sono e ouvir sua voz me faria dormir bem. Ou mesmo para poder dizer o tamanho da minha saudade, mesmo sabendo que estávamos juntos há vinte horas atrás.
Eu sou assim: louca.
Louca por fotos e cartas guardadas, por chocolate branco e um céu estrelado.
Eu sou intensa, brigo por coisas bobas e faço tempestades por bobagens.
Mas indiferente disso tudo, você tem um minuto para me ouvir? eu só quero dizer que te amo.

domingo

um toque.

minha franja bagunça com o vento enquanto eu corro para não chegar atrasada; eu preciso de um abraço o mais rápido possível, de uma palavra doce entre um beijo e outro, preciso de você.

sexta-feira

você voltou

meu sorriso é completado pelo seu, junto com o olhar que acaba com a saudade e um abraço com aroma de felicidade;

terça-feira

distante

uma xícara de café bem forte para um coração fraco de saudades, sou eu.

domingo

conspiração

preciso disfarçar os medos que eu transpiro
a vida é feita dos medos que deixamos escapar.

oposições andam pela rua, tentam voar.

eu conspiro pela descoberta dos segredos que você esconde de si mesmo,
pelas aflições resguardadas entre papéis.

liberte-se da bolha que a vida é,
grite ao vento que a liberdade é intensa.

o campo é imenso quando não há ninguém,
mas belo quando alguém rega as flores.

é como enxergar seus olhos e tocar seu coração enquanto a luz está apagada
e você suspirar ao meu ouvido o silêncio.

quarta-feira

sem título, com amor.

Dezesseis meses atrás era somente um escuro em um mundo isolado, uma fogueira que começava a crescer e um frio amenizado pelo quente chimarrão. Não sei se a paixão existiu naquele momento, mas dali ela iria florir. Minhas palavras são para você, diferentemente de outras linhas que talvez nunca irão te citar com a veracidade que eu posso. Posso escrever com detalhes seu sorriso, seu olhar, seu cheiro. Posso dizer o quanto eu fico feliz de você procurar minha mão durante o sono ou quando cuida de mim quando tenho medo; de como seca minhas lágrimas e alimenta meus sorrisos. Posso dizer e dizer, mas você ouvirá? Fará algum sentido escrever inúmeras linhas sobre dezesseis meses de altos e baixos, de como a maior prova de existir amor é enfrentarmos toda e qualquer barreira e permanecermos unidos; fará algum sentido para você? Talvez não faça, porque se fizesse você não alimentaria o ego de outra pessoa que não sabe o que é estar do teu lado com um problema às 5h da manhã, não sabe o que é sentir de verdade porque se soubesse não faria o que faz.
Hoje eu queria que houvessem lágrimas de tanto dar risada e não de tristeza, mas não é. Dezesseis meses atrás o fogo era acendido e hoje ele foi apagado. Sei que sempre enfrentamos os problemas juntos, amadurecemos e aprendemos um com o outro e espero que continue assim e que enfrentemos esse fogo apagado pela chuva que chegou.
Você me fez feliz e eu não saberia contar um número próximo para expressar a quantidade. Me ensinou a sorrir de um modo diferente do mesmo modo que me fez chorar, mas quem não sofre? nem aquele que se diz o mais forte deixará de sofrer um dia. Sofrimento ensina a viver e fortalece os sentimentos verdadeiros, entende? É isso que eu aprendi nesses meses todos, que meu sentimento por ti é forte o suficiente para não inexistir por pequenas coisas. É sentimento. É vida. É amor.
Você é meu melhor amigo, meu melhor companheiro, o melhor namorado. Que o fogo consiga nos aquecer ainda hoje e que todos esses meses não sejam colocados para reciclagem.
eu te amo e meu sentimento não é 'bom dia'.

sábado

capítulo cinco

ela guardou tudo que queria dizer dentro do bolso, os olhares com o rímel que o enfeitaria, os abraços com as blusas que o envolveriam.
ela guardou o amor na fotografia e nos bilhetes dentro da agenda.
ela não é imortal, mas morreu de amores e permaneceu viva.

quarta-feira

dois mil e doze desejos

Chega o momento derradeiro do ano, mas quem vai ligar para as tristezas enquanto os fogos explodem? Quem vai perceber lágrimas em um rosto molhado pela água do mar? Quem vai ouvir os lamentos durante o murmúrio da meia-noite?
A cada desenho que as nuvens formarem no céu, a cada onda que eu pular no mar, a cada gole de um champagne qualquer: haverão planejamentos para o ano que chega. Mas quem vai se importar com a minha lista de desejos? Quem vai me ajudar a ser feliz? Quem vai traduzir a entrelinha?
Os segredos e os mistérios, alguém me diga o que significa?
A morte parece bela, parece a fera.
A vida é cruel, mas um tanto quando fiél.
Opostos que se atraem, como vida e morte.
Quando o relógio unir os dois ponteiros, será somente um ano que passou e uma bagagem maior de histórias; quando a missa começar, o galo vai estar dormindo; e quando a primeira bebida for aberta, vou lembrar de ti.
Quatro zeros dão sorte? ou só eu gosto de superstição?
Comer lentilha e pular sete ondas. Um pedido para cada onda ou um pedido para a lua?
Você volta logo ou vou ter de esperar o próximo ano?
Quem liga para a xícara de café que esfria enquanto você não chega? Quem liga para a flor que seca na sua ausência? Quem liga? O telefone sequer toca.
Tocar, verbo útil e inútil. Cada qual com seu ponto de vista tocante.
Volto ao foco: um ano de sorrisos moldurados, de fatos escritos, de cantos pintados, de dias imprevistos, e de um amor conservado.
Chegou um momento derradeiro no ano e antes que eu me pergunte novamente sobre tristeza e lágrimas, já me respondo que este ano quero alegrias contornando sorrisos bobos e abraços fortes. Não importa quem vai se preocupar, eu me importo com o tempo que vou perder planejando ao invés de viver sem planos.

terça-feira

chasing pavements

É só uma menina com a unha bem feita, o cabelo arrumado e a roupa alinhada; com um sorriso no rosto e um brilho no olho. Mas com um interior que chora e veste trapos.
É assim a história: disfarce seu estado para que não tenham pena de você.
Um dia ruim, de uma semana ruim e de um mês pior ainda. Mês ruim apenas pelo fato de eu não te ter completamente comigo.
Quantas vezes mais iremos dar um basta em uma história que merece uma chance? Quantas vezes mais terceiros tentarão destruir essa história? Inúmeras, eu apostaria. Resta saber quantas mais a nossa história suporta.
Eu gosto do modo como tu me faz sorrir quando eu estou braba com alguma situação, de quando tu me abraça porque eu choro feito uma criança, ou de ouvir um simples 'bom dia' quando acordamos depois do meio-dia.
Eu realmente sou ciumenta, irritante e infantil. Eu realmente escuto demais as pessoas ao invés de ouvir o que tu me diz. Mas eu sou assim e foi dessa pessoa que tu começou a gostar, por que eu mudaria?
Sozinha eu posso ser a guria que chora de pijama em um quarto onde a música lembra o modo como a gente ri no meio das conversas idiotas, que perde a fome e o sono; mas quando eu sair desse quarto serei a garota que segue em frente de cabeça erguida, aquela que quer aprender a voar "and fly around in circles"

quarta-feira

dois existe porque teve um

Escrever é a lágrima do coração, desabafo para um ouvido desconhecido e acolhedor.
para isso que escrevo: para tirar do coração toda a tristeza que ocupou o espaço da alegria antes contida.
A vida é assim, existe tristeza porque existe alegria, sonhos porque existe esperança, luz porque existe escuridão.
Escrever pode ser, também, apenas sofrimento silencioso. Silêncio que existe porque cansamos de falar. Uma coisa sempre levando outra, como onda do mar ou vento da rua. Uma palavra leva outra.
A vida é assim, cair em um mesmo buraco mais de uma vez porque insistimos nos sentimentos. Eu escrevo porque insisto em aliviar o coração, apenas.

quinta-feira

rabiscos leoninos

Vou escrever frases que não terão sentido e concordância verbal correta. Sem me importar com quem vai ler ou as conclusões que irão tirar. Serão apenas uns rabiscos leoninos em um papel que poderia ser colocado, posteriormente, no fogo.
Eu queria uma bolha pra morar, assim eu poderia me esconder das falsidades, dos problemas, das confianças em excesso. Eu poderia me esconder de tudo e assim seria realmente mais fácil. Não haveriam essas lágrimas que agora caem, nem essa raiva que agora me faz querer jogar vidros na parede.
Não quero sentar na tua frente e despachar toda a tristeza que está guardada, mesmo que seja um plano para eu me sentir melhor. Tenho medo do que pode acontecer, e acabo guardando todas as lágrimas gerando uma enorme dor em mim. Perco o sono, a fome, a vontade de sorrir.
Que seja como tem que ser, que tenha pratos quebrados, papéis rasgados, gritos e xingamentos nas conversas. Mas que seja a última vez, que seja para acabar com o sofrimento e com qualquer outra coisa, mas que seja o que tem que ser. Que seja bom ou ruim, mas seja.
Cansei de ficar em uma situação que é um muro que me impede de ver, uma máscara que me impede de falar. Uma situação que me impede de demonstrar a falta que faz uma conversa, um abraço amigo.
Só te peço que seja, bom ou ruim, que seja de uma vez e acabe com a dor.

quarta-feira

ainda há tempo

Eu acendi um cigarro para ver a cinza se formando no filtro que queima; para mim os acontecimentos são como este cigarro: se não houver quem acenda, ficará esquecido em uma prateleira empoeirada.
Enquanto isso, eu só queria conseguir dar procedimento ao que quero falar, mas já é a oitava ou nona vez que eu apago e recomeço a escrever. Das duas uma, ou não há vocabulário suficiente para eu me expressar ou é pensamento demais para concluir.
Existem tantos questionamentos, tanta peça que não encaixa. Esse quebra-cabeça está difícil demais de ser construído, estou sozinha e preciso de ajuda. Sozinha com a dor que vira rima e lágrima que vira linha. Onde tu estás quando eu preciso?
É difícil não poder ligar, mandar uma mensagem, saber como foi o dia; mas é fácil esconder a tristeza mascarada com alegria.
Cigarros irão encher meu cinzeiro se eu permanecer tragando essas dúvidas, em uma quarta-feira que poderia ser como as da primavera passada, mas não serão. Você não tocará o interfone e não sentará no sofá para apreciar o céu azul. Eu não ouvirei o doce som da sua voz e você não tocará o suave tom da minha pele.
Cigarros são acesos e apagados, assim como paixão que começa e acaba.

terça-feira

meu rei de copas

Eu olhei no relógio e eram três horas, corri para não chegar atrasada achando que eu receberia um abraço para sufocar a saudade e um beijo para alimentar a semana; mas havia uma muralha separando a saudade dos erros, havia uma distância enorme mesmo que ele estivesse na minha frente.
Agora são vinte horas e eu grito, grito, grito. Ninguém pode me escutar ou secar minhas lágrimas, porque eu estou sozinha em um quarto onde a única luz existente vem na tela do computador, o único barulho é da música que insiste em ser a mesma há duas horas.
Nosso amor envelheceu um ano e um mês. Morreu de velhice ou foi parar em uma cama na uti? Não importa onde esteja, simplesmente não está mais aqui; foi embora sem passagem de volta. Deixou só as recordações, o que não seria estranho, afinal, somos o que recordamos. Vou ser sorrisos, manhãs de preguiça, pulos no colo, carinhos pra dormir; serei um domingo na grama, uma quarta no cinema, uma sexta com os amigos; serei o seu abraço protetor, o seu beijo conquistador, a mão dada guiando. Serei as lembranças de um ano que passou. Espero ser coisas boas nas tuas lembranças e não as lágrimas que um dia caíram quando tua última palavra foi: desculpa.

café, amor y confesiones

la lluvia golpea el techo, y las confesiones se vierten en el papel.
sentir añoranza a las tres de la mañana, no avance.
no le ayudará en todas las llamadas, y el café no va a saciar la sed de tus abrazos.
No puede ser difícil de entender lo que quiero más que restos de la vida,
Quiero vivir la acción y no te pierdas,
quiero tener involucrado en mis brazos y no en las viejas fotos.
la lluvia moja la ventana, como lágrimas mojaban mi cara.
a las tres de la mañana usted no tiene nada, ni siquiera le dejó opciones.

sexta-feira

quatro cantos

Uma bebida tomada até a última gota. Um caminhar em zig-zag por ruas escuras. Um alívio trocado por um medo de não saber onde é o fim da linha. A felicidade se transmite pelos olhos, a mão treme de desejo, o coração pulsa de vontade. Eu não sei se haverá desvio, retorno ou curva, mas enquanto o movimento for retilíneo eu tenho chances.
A janela fechada, a porta trancada e a luz apagada. O perfume tomou conta da casa, do quarto, da roupa, da pele. O olhar fixo arde a pupila. O abraço forte esmaga os ossos. Estamos presos entre os quatro cantos do mundo. Estamos em um mundo paralelo e escuro.
Eu apenas observei, sem julgar ou aprovar.
Saí e deixei a porta aberta para expandir o ar. Levei comigo apenas as lembranças para guardar dentro da mala. Os sentimentos podem não ter peso na balança, mas as lembranças têm. É o modo de você permanecer comigo independente da distância, das lágrimas que mancharão os papéis que você escreveu algo. Os lamentos não farão diferença depois que eu for embora.
A janela se abrirá, a porta se destrancará e a luz ficará acesa. O perfume com o tempo sairá da casa, do quarto, mas não de mim. O olhar ficará mais real quando eu fechar os olhos.
Eu apenas observei, decorei cada metro dos cantos do mundo, cada centímetro de quem o habitava.
Apenas segui o caminho que foi traçado, sozinha.

segunda-feira

mal-me-quer

as pétalas de bem-me-quer caíram ao chão, para sobrar a realidade.

quarta-feira

mais que ontem, menos que amanhã

Hoje, são dezenove anos de uma vida sem planos concretos. Amanhã, já serão vinte de uma pessoa que viu pouco pôr-do-sol, nunca escreveu um livro, plantou árvores só na escola e não sabe a cor dos seus olhos.

sexta-feira

como seda

Você pode me fazer chorar com palavras, mas não me abrace; pode me fazer rir com piadas bobas, mas não pegue minha mão; pode fazer meu tempo parar com um olhar, mas não me beije.
Não sei se é certo sentar em uma esquina e rir como se não houvessem carros e pessoas passando, não sei se é certo pensar em alguém antes de dormir, não sei o que será amanhã, mas sei que hoje vai acabar e não posso deixar passar em branco; às vezes nem o vento te leva aonde você quer chegar, não é?
Faça com que os momentos sejam pedaços de mundo, feito seda rara, que você toca delicadamente para não estragar. Agarre cada pedaço de mundo que você puder e não se preocupe se as pessoas e os carros passam, sorria sem saber que hora o relógio marca.

domingo

apenas uma dose

Aceitarei cada gota de álcool possível, para me embriagar de falsas esperanças. Falsas como as pessoas que me rodeiam nesse mundo que é do tamanho de uma cereja. Vou beber e sair tropeçando por ruas desconhecidas, do mesmo modo que tropecei nas expectativas. Vou gritar no meio da rua; cantar músicas erradas; tocar interfones e sair correndo; vou sorrir e achar que tudo é bonito, pelo menos enquanto a embriaguez permanecer no meu corpo.
Aceitarei doses de vodka com alegrias, sorrisos, abraços...; doses de tudo que falta em mim.

sexta-feira

sem flash, por favor.

Sentada em um desses panos quadriculados e coloridos, típicos para piquenique. A diferença é que o gramado só pertence a mim, sem guloseimas e pessoas para dividir o momento e uma suposta felicidade. No céu, as nuvens deixam o dia sem sol; nublado como meus pensamentos.
Aproveito o momento para ver fotografias feitas pela minha mente, fotografias que só eu verei; lugares e pessoas registrados em uma mente que tem sede de amor. Amor com açúcar, para ser mais doce; amor com pimenta, para ser mais quente; amor com café, para tirar o fôlego; apenas amor.
Posso visualizar sorrisos bobos, olhares tímidos, mãos dadas, uma blusa no chão, uma luz por baixo da porta. Passado registrado para poder ser recordado em qualquer horário do dia, enquanto vejo este gramado em um belo dia cinza. Afinal, dias cinzas também podem ter beleza. Recordo a beleza nessas fotografias tiradas em dias ensolarados, em noites chuvosas, em madrugadas longas e curtas; nas palavras anotadas também na minha mente. Palavras com cores, para serem vivas; palavras com texturas, para serem sentidas; apenas palavras.
Visualizo tudo que não existe no presente em um fechar de olhos, com o amor que ainda vive aqui.

segunda-feira

ponto de exclamação

Dezenove horas de um dia qualquer, a história se repete: a porta se fecha e as lágrimas caem. É cortada a linha que se estende pelo amor, só resta o vazio.
você se apaixona duas vezes pela mesma pessoa e vê duas vezes o mesmo fim.
são pontos finais ou reticências?

sábado

até que a vida os separe

Isopor quando quebra faz uma sujeira só, mas você pode colar com uma cola para isopor e pronto: está novo. Porém, você notará que ali há uma rachadura colada, uma falha no caminho ou qualquer coisa do gênero; nada que estrague sua maquete da escola. Agora imagine sua família como um pedaço de isopor. Chocante pensar como tal, mas pense também nas brigas que ocorrem e no modo como colamos a família de volta quando ela se quebra.
Conquanto nossos pais jurem ser felizes na alegria e na tristeza, sabemos como isso não acontece. Não é com a minha família, nem com a da minha melhor amiga; isso acontece na grande maioria da população. Não sei se isso é coisa do século XXI ou, hoje, é apenas mais exposto que antigamente. Mas não há nada pior que ver o isopor quebrar e não saber onde está a tal cola para arrumar. É horrível ver que seus pais brigam entre eles, que você briga com seus irmãos, que seus pais brigam com você e com seus irmãos. Sei que brigar é mostrar que existe importância um com o outro, que acontece até com os amigos, que são só casos de família. Aquele ditado de que família só muda de endereço, é real. A única coisa que pode variar de endereço para endereço é a intensidade. Meus pais podem brigar menos que os pais da Maria e os pais dela podem brigar menos que os pais do João. Isso acaba?
Neste momento chego ao ponto: quantas vezes um isopor aguenta ser colado e permanecer firme? Alguns não permanecem, outros sim. Depende da cola ou da vontade da pessoa em insistir na colagem? Eu não saberia responder, deixaria a dúvida para cada um ter sua resposta. E nesse instante alguns poderão me responder que família foi feita para lutar e enfrentar qualquer problema até o fim; outros poderão me dizer que uma hora o copo transborda, se racha, os pratos são jogados na parede e um papel é assinado para solucionar os problemas. Solucionar? Eu diria “fugir”, com um tom convicto e firme. Não vale a pena deixar anos de alegria por causa de uma fase ruim. Ninguém deixa de surfar porque um dia as ondas estavam ruins, ninguém deixa de comer doce porque um dia comeu um que não lhe agradou, ninguém deixa de ler um autor específico porque um livro entre quinze não tinha o assunto que queria.
Isopores são fáceis de quebrar, assim como famílias são fáceis de abalar. Famílias são feitas de sentimentos, como isopores são feitos daquelas minúsculas bolinhas que fazem uma sujeira na sala. A diferença é que os sentimentos não podem ser colocados no lixo e levados para a reciclagem, eles devem ser mantidos e levados mais a sério. A diferença é que na maqueta da escola você pode ouvir a opinião alheia para modifica-la, mas na sua família você deve ouvir apenas a sua vontade e da sua família, porque querem o bem dela mesma; esqueça os outros. Queria que os pais entendessem isso, queria não ouvir minha melhor amiga dizendo que seus pais não estão se falando, queria não ter razão para dizer para minha melhor amiga que meus pais enviaram os sentimentos para a reciclagem.

domingo

70% de água, 30% de quê?

Uma garota que usa o papel e a caneta como refúgio. Que usa o travesseiro como diário. Ela que usa all star e calça jeans como um uniforme, apenas por ser confortável e prático para o dia-a-dia. Que anda na rua como se o tempo não lhe pertencesse e a música fizesse seu corpo se tornar invisível enquanto caminha. Que vê o mundo com o eterno olhar infantil de quem descobre algo a cada dia. Que sonha em achar a simplicidade de tudo, mas não a encontra em nada.
Esta garota vai ao cinema sozinha, para expressar suas emoções sem ser rotulada. Come salada acompanhando um quilo de massa com molho, e acha que assim vai perder peso. Chora antes de dormir por se achar fraca demais para enfrentar alguns problemas. Almeja um abraço no meio de um sábado qualquer, só para sentir uma proteção inesperada. Toma xícaras de café e consegue dormir doze horas seguidas. Sonha que a chuva apareça quando o sol estiver queimando as flores do jardim.
Uma garota que, como qualquer outra, é sensível uma semana por mês. Que ouve músicas românticas lembrando-se de momentos e pessoas. Que um dia fez corações no quadro da escola, colocando riscos com a quantidade de letras indicativas a algum nome qualquer. Que achava raro encontrar um príncipe encantado, mas encontrou o seu. Que tem ciúmes, medos e amor. Apenas uma garota como qualquer outra, feita de 70% de água, e outros 30% de carne, osso e sonhos.

simples como o vento nas folhas

É excepcionalmente bom ver o tempo passar quando se tem na sua frente uma paisagem tão bela. O sol não esquenta meu corpo por causa do vento forte e frio que está acompanhando meus pés balançarem acima da água deste pier. Eu deveria me levantar e sair para aproveitar as pessoas que estão logo após a trilha que me trouxe até aqui, estou desperdiçando sorrisos e não percebo. Mas fico vendo a água mexendo-se e formando ondas e o tempo vai passando.
Os segundos que ocupo escrevendo essas linhas logo serão passado e sem volta. Já parou para pensar quanto tempo é perdido nesta vida? Quanto tempo é deixado de ser aproveitado por pequenas coisas. Eu pisco e deixo pessoas passarem por mim, sem vê-las; deixo de sorrir, por orgulho bobo; deixo de viver, por medo das consequências.
Fico pensando quanto tempo passou e foi ocupado com brigas bobas e sérias, com lágrimas e gritos. Quanto tempo simplesmente deixei passar. E é isso que a cada movimento de onda passa pela minha cabeça: o tempo perdido. Se eu começar a sorrir mais, talvez fique fácil e talvez as pessoas deixem de ver apenas meu lado 'ruim', isto é, os momentos em que eu saio batendo o pé porque algo não saiu como planejei ou mesmo quando eu errei e não aceitei o erro. Afinal, errar é humano e ainda te faz aprender alguma coisa.
Acho que este pier me mostra que existe caminhos que podem ser belos e infinitos como a paisagem mostrada a partir dele. Mas para eles eu preciso aprender a sorrir e mostrar que cresci.

segunda-feira

eu sei que você sabe, quase sem querer.

O escuro tomou conta da rua, do ônibus inteiro. A única luz que há é a luz que acompanha estas linhas enquanto os pensamentos são jogados nelas. A escuridão da estrada ganha vida ao som da música calma. Meu sorriso surge com as imagens que passam na minha cabeça. A lágrima, mesmo que de alegria, se agarra aos meus olhos para não descer.
Hoje era um dia em que eu esperava ouvir tua voz, queria o mundo nas minhas mãos. Mas eu percorri oito horas diante terras distintas. Vi o pôr-do-sol pela janela, atrás de um morro que nem o nome sei. Dormi com a saudade e acordei com a vida passando.
Volto pra casa com novas amizades feitas, com novos conhecimentos, com apegos e desapegos. Não foi muito tempo, mas foi bem vivido. Aprendi a ser a chuva e o sol, ao mesmo tempo. Aprendi com pessoas que nunca havia visto.
Um dia, talvez, todos esses pensamentos que passam a cada quilômetro andado, façam sentido. No dia de hoje, só queria ser a flor do jardim, o sol que se esconde com beleza. Queria ser coragem, palavras, vento. Queria dizer 'eu te amo' sem me preocupar com a expressão que iria surgir de quem ouve.
Amor de infância, da escola, da natação, da festa. Amor que vai, que vem. Amor que se sente e não se diz. Amor é abraço, é preocupação, é olhos, é até mesmo briga. Amor é melodia que transparece nessas linhas que irão para dentro da bagagem para nunca serem lidas. Queria, novamente, ser coragem.

quarta-feira

13:02

Quem já sonhou em conhecer o mundo? Nem que o mundo seja simplesmente a cidade logo ali.
O mundo estava no portão sete, e na bagagem haviam memórias para serem recordadas no caminho. Os abraços geravam lágrimas que pouco a pouco molhavam um sorriso feliz pela conquista, mas triste pela despedida. Apego e desapego se unem. Um coração é partido. Partida.
Você vai ir para um mundo onde nada é comum. Vai andar por praças e ver pessoas estranhas. Pode ser você, sem se preocupar. Você vai se perder por ruas de nomes complicados, mas se encontrar interiormente. Vai se conhecer, enquanto estiver sozinho.
As espectativas surgem antes mesmo do embarque. O último abraço marca a distância que será enfrentada. O rosto vermelho deixa claro que há sentimentos.
Ele entra na fila e é observado de longe, logo voltará com uma bagagem cheia de memórias e histórias, de amores e dores, de vida. Chegará em breve.
Mas agora o céu está azul e é hora de decolar. Até logo.

terça-feira

invisibilidade

Hoje eu acordei me sentindo invisível. Hoje, tanto quanto ontem e provavelmente como amanhã. Pensei sobre as ausências que a vida colocou no meu caminho, sobre a ausência de lágrimas e sorrisos que enfrento. As pessoas que vão se afastando aos poucos e me deixando vazia, de afeto e sentimentos. Ninguém me vê, me ouve, me sente. Sou apenas um corpo para abrigar a vontade de ser diferente.
Um dia alguém me falou que para cativar a pessoa que está próxima, basta um sorriso. Mas para sorrir eu preciso de razões e elas andam tão ausentes. Ausências... para que tantas? Para que presentes? Ausente e presente.
Eu deveria dormir o dia inteiro, sonharia com um céu azul e um mar calmo, e com certeza não sentiriam minha falta, afinal, sou invisível aos olhos alheios. Ou eu deveria levantar, colocar meu melhor sorriso na cara e fazer todos me verem, me sentirem, me ouvirem. Todos deveriam ver que nem sempre as pessoas acordam no seu melhor dia e, às vezes, o silêncio é quem diz isso.

sábado

(in)esperado

o frio foi apenas a desculpa para receber um abraço teu.

domingo

nó e alegria: nostalgia

A estrada inteira estava vazia. As árvores balançavam como quem balança o braço enquanto corre. O vento soprava como quem sussurra palavras bonitas no ouvido de quem dorme.
até que a placa avisou: acesso secundário.
Eu já sentia o cheiro daquela cidade penetrando em mim, as lembranças correrem na minha frente como uma criança que brinca de pega-pega na escola, a pele arrepiada perante os olhos estranhos e comuns daqueles que um dia foram parte de mim.
O ano passa e as coisas permanecem, como um dia você deixou. Como a última página do caderno em que você rabisca o mundo e sempre pode voltar para sentir a veracidade. Você deixa mundos onde quiser, deixa histórias vivas e sepultadas, deixa de viver e se sepulta. A vida é você quem escreve, basta só saber a página certa.
Eu precisava acreditar que aquilo era real, que entre goles e sorrisos as memórias estavam sobressaltando-se para fora da gaveta da escrivaninha. O nó que prendia cada passo de voltar aos dias, cada beijo dado na pracinha, cada banho de chuva no inverno. O nó se desatou para dar lugar a uma alegria que contagiou cada segundo.
Saudades de um tempo, de um sentimento, de uma razão para o céu ser azul, das pessoas que irão ficar lá até o dia em que eu entrar novamente no acesso secundário.

iguais

Neste momento podemos estar fazendo as mesmas coisas, sem sequer saber, em espaços geográficos opostos.
Você toma a mesma bebida, com o gelo que parece tilintar sobre ela; ouve a mesma música em um volume diferente.
Você está do outro lado da rua, mas ao mesmo tempo tão distante de mim. Somos tão iguais e não notamos semelhança alguma.

quinta-feira

na madrugada nem sempre tem estrelas

O relógio passa, repassa.
Penso em mudar o mundo.
Confuso.
Noite fria, atípica.
Ruas desertas, cidade quieta.
Três passos de distância,
mas a saudade se forma.
Silêncio.
Trilhas.
Respiro.
Uma lágrima se prende no coração.
Não sai.
Odeio contos de fadas.
O príncipe surge, depois de muito tempo.
Suspiro.
Abraço.
Beijo.
Cria esperança.
Vai embora.
Fica a um passo de distância,
mas não posso tocar.
Não posso cheirar.
Não posso abraçar,
muito menos beijar.
Desejo.
Sonho.
Noite de insônia.
Restou a lembrança,
a saudade.

ponto final

eu vou escrever no espelho do seu quarto, com o batom mais vermelho, o ódio que eu tenho por te amar.

quarta-feira

ouça, ousadia.

não vou retornar as chamadas não atendidas
não vou abrir os bilhetes recebidos pelo correio
a vida pediu um tempo, não diga nada

não interprete errado se eu quero tentar esquecer
mas sua vida é melhor longe de mim
o sofrimento pede uma cicatrização, não diga nada

antes de dormir, eu ainda lembro
de alguns momentos que passamos juntos
eu sei o quanto foi bom, mas não diga nada

um dia o crepúsculo vai vir com chuva
e a lua cheia estrelada
quem sabe a gente se reencontre, sem dizer nada

não diga, não ouse, não viva
o silêncio me lembra o beijo,
os olhos que falaram calados.

o silêncio me faz te ver do meu lado,
mas eu tenho que te esquecer
vai ser bom para os dois,
não diga nada.

domingo

ver-te-ei

eu vejo no espelho tudo que passou,
como um retrato da condenação física
as cicatrizes mostram o tumulto dos dias.
eu vejo o tempo atrasado no relógio,
como a estabilidade das memórias,
os ponteiros param para aguardar a hora certa.
eu vejo pela janela o mundo sorrir espontaneamente,
como a estrela cadente que cai
alegrando um coração sonhador.
eu vejo nas anotações perdidas,
como quem ouve vozes numa sala sozinha
o sentimento transposto pelas brigas.
eu te vejo atrás do fogo da vela
que queima solitária no canto da mesa,
apagando depois de um tempo.

quarta-feira

machucado

- o que te falta?
- amor.
- eu tenho o que queres.
- mas não soube entregar...
- eu posso tentar de novo?
- volte daqui dois meses...
- porquê?
- é o tempo de cicatrização.

luz e som

Eu me viro de um lado para o outro na cama. Cama com lençóis amaçados, com travesseiros a mais. Minha escravaninha está empoeirada. Com minhas lentes de contato espalhadas e um copo meio vazio, ou seria um copo meio cheio? Apenas um copo com água, esquecido. Os livros estão ao chão, atirados, abertos em páginas sequer escolhidas. Quatro velas iluminam tudo isso. Preciso de um chá e de um amor, quentes de preferência. A prateleira guarda discos que falam o que penso. As máscaras atrás da porta são para esconder minha tristeza, diariamente.
Os pedaços rasgados das fotos demonstram sorrisos obtidos. Sorrisos tortos, espontâneos, alegres. É tudo um misto de vício e defeito. Um misto de algo que foi e não é. Quero continuar deitada, virando-me de um lado para o outro. A janela aberta traz um cheiro de terra molhada. A chuva sem vento faz com que as velas não se apaguem. O fogo permanece. As lembranças estão vivas. Meu coração bate desproporcionalmente. O bilhete com datas rabiscadas está na cabeceira. Apenas eu faço disso uma memória. Apenas eu faço do amor a esperança. Apenas eu. Sem você. Com a solidão presente. Sem presentes.

sexta-feira

você vai lembrar

Quando ela for na sacada, vai ver o céu vermelho e um pôr-do-sol que compete com a beleza do mar. Ela verá a areia voando com o vento, mas não verá ninguém caminhando sobre ela. Ficará horas admirando a paisagem encontrada naquele dia. Pensará em todos os momentos que fossem possíveis. Deixará o tempo passar, sem sequer se dar conta.
Ela estava sozinha, não havia uma pessoa para enxugar suas lágrimas, para ouvir seus lamentos, ou mesmo para lhe dar um abraço preciso. O cheiro da maresia se misturava com o cheiro das flores expostas na sacada. O barulho do mar se misturava ao canto dos pássaros. Um lugar.
Na sala, um sofá vazio, uma foto ao lado, um cigarro apagado. A colcha estava amaçada a tempos, no canto do sofá, sem ninguém tocar. A foto estava no local mais próximo da visão, para ser analisada diariamente. Um dia houve dois corpos.
O tempo arrumou tudo para a garota estar naquela situação: sozinha, chorando. Cada mês era um passo evolutivo. Como o bebê que começa a caminhar, cada passo é uma felicidade. Três passos. O tempo mostrou que ser feliz não depende apenas de uma pessoa. Que nem sempre a felicidade é o suficiente, nem sempre o amor é suficiente. A garota fitou o pôr-do-sol como quem se despede da vida.

quarta-feira

relato mudo

Eram dezenove horas. Ele entrava pela porta enquanto eu esperava com o coração vibrando pela espera de um abraço. Eu não queria, mas a partir daquele momento eu teria que aprender a viver sem ele; teria que entender que meus dias não seriam mais os dias dele; teria que aceitar a realidade, bruta, de não ser tocada. Os dias, a partir daquele instante, seriam tempestuosos. Meu rosto não ficaria vermelho devido a vergonha, mas devido as lágrimas que desceriam pelos olhos que não conseguiriam enxergá-lo. Eu ansiava que tudo fosse belo, singelo, incondicional. Que a felicidade superasse, todos os dias, a tristeza. Foi assim, não é mais. Agora eu deveria achar um caminho, fazer com que nada me lembrasse a presença dele, e isso era o passo mais difícil. O carinho e as conversas ficarão presas no ar, nas paredes da sala. O perfume e o modo de abraçar ficarão eternizados cada vez que eu olhar para o sofá. O sorriso será lembrado sempre que eu olhar pela janela e sentir o vento batendo no meu rosto. Aquele olhar pensativo passará pela minha cabeça sempre que eu olhar para os livros. Eu vou sorrir sempre que eu olhar para a minha mão e lembrar do modo como ele a segurava. Eu fecharei os olhos sempre que eu quiser sentir o seu rosto, por que eu gravei cada centímetro com o toque. Vou me surpreender, novamente, quando eu ver a flor que hoje seca entre páginas. Eu vou olhar para a porta e esperar anciosamente pelo dia que ele irá voltar. Vou esperar sentada ao lado, entre lágrimas de quem um dia amou de verdade. Ele saiu pela porta que entrou, para não mais voltar. Ele me deixou sozinha. Eu me apaixonei pelo cara errado. Por que a gente procura o cara errado. Segundo Luís Fernando Veríssimo: é a pessoa errada que te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora; a pessoa errada vai te fazer chorar, mas vai secar suas lágrimas. Ele secou as minhas, com o toque mais sincero. Ainda assim, vou vê-lo quando eu caminhar no parque, abraçar o travesseiro, me deitar na cama, sentar no sofá. Vou ver mesmo que ele não esteja ali, porque dentro de mim a presença dele ainda é forte. O nome dele ainda ecoa na minha cabeça, nos meus versos, nas minhas paredes. O perfume dele permanece na minha roupa, no ar que circula. Ele saiu pela porta, mas deixou um pedaço aqui. Eu vou respirar as lembranças, vou chorar a ausência, vou tocar o vazio. Vou amar, por que o amor não vai embora, ele permanece aqui para falar dele, para falar de nós.

segunda-feira

viver feliz para sempre?

Quando ela era criança, achava que contos de fada aconteceriam quando crescesse. Afinal, que garota não almeja um amor eterno e reciproco? Mas, quando ela cresce vê que os livros não são reais, são apenas histórias fictícias de alguém que vivia de sonho. Só que por um lado, viveu de sonho e não os realizou. Viu que fora dos livros a única mágica que existe é aquela que acaba com tudo.
O muro cai.
Os livros mofam.
O coração chora lágrimas.
O sol queima as flores.
A garota cresce e se apaixona, acha que o mar é de rosas e o vento é perfume. Mas ela se afoga. Ela se sufoca. Garotas olham o mundo diferente, almejam encontrar um grande amor; mas garotos só querem diversão, e acham que garotas são brinquedos.
Você passa anos lendo histórias com "felizes para sempre", mas demora para ver que tudo tem um fim, demora demais e isso lhe traz tristezas.
Ela conhece muitas pessoas, se apaixona diversas vezes, até que encontra um amor. O amor faz as mãos dela tremerem, as pernas ficarem bambas, os olhos brilharem, a boca ter o melhor sorriso misturado com vergonha e um pouco de desejo. Mas sem querer este amor vai se afastando, não o dela, mas o dele. Então ela começa a superar isso com as lembranças. As lembranças, para ela, deveriam saciar o fato da distância começar a se formar, mas ao contrário disso, ela traz uma tristeza na bandeja.
A garota respira memórias. Vive do dia em que o conheceu, da primeira vez que sairam, do primeiro beijo, das vezes que foi surpreendida, das brigas que fizeram tudo ir se apagando. Porém, ele não deve sequer saber dessas informações; sequer deve saber os motivos das lágrimas dela.
As cartas não são enviadas.
A tristeza é escondida.
Ela pára de ligar.
Ela espera que ele procure.
Não ocorre.
A garota começa a ter certeza que contos de fada ficam na infância. Mesmo que o amor exista, nem sempre é reciproco, nem sempre é como queremos. A garota chora, lamenta. Tenta aceitar que tudo acaba.

quarta-feira

ela tem

o sorriso de qualquer manhã de sol, o brilho no olhar de qualquer jardim florido.

quinta-feira

(re)viver

quero sentar na escada,
e deixar o vento trazer um perfume qualquer;
o perfume das flores do jardim ao lado
o perfume da grama sendo molhada.

quero um minuto de silêncio,
uma página riscada;
dizendo frases sobre você,
com rimas perdidas sem razão.

quero gritar ao vento sobre o melhor presente
aquele que ganhei em uma noite fria
de lua brilhante e cheia

quero repetir todos os dias:
como é bom ver o sol nascer,
como foi bom ouvir a melhor frase
dita por ti quando perdemos a hora, deitados.

quero deitar no meio da sala
quando a escuridão a cobrir, sem piedade
só para pensar em tudo
só para fechar os olhos e viver.

terça-feira

cinzas de abril

cinzas de cigarro cobrem o chão;
restos do fim de algo que existiu,
de algo que não vai voltar a ser o que era.

cinzas de cigarro voam com o vento;
que balança meus cabelos,
que me cega com o tempo.

minha vida

eu vivo de nostalgia,
de cartas relidas,
de fotos guardadas.
eu vivo sem nada,
sem abraços presentes,
sem vozes no ouvido.
eu vivo sozinha,
em um mundo turbulento
repleto de castigos.
eu vivo de lágrimas,
de poucos sorrisos.
eu vivo a procura de tudo,
de estrelas cadentes,
de desejos recentes.
eu vivo de espera,
da espera que tudo volte,
que você volte a ser.
eu vivo do teu cheiro,
do caminho que me mostra.
eu vivo de nostalgia.

Mari Mariana.

a garota carrega uma bagagem
com recordações,
com amores,
com vida.
a garota carrega no olhar
as memórias,
das histórias
que um dia viveu.
a garota que com sorrisos
te encanta.
ela ama, canta, dança.
mari mariana,
uma flor que desabroxa
que dá beleza a quem olha.

sexta-feira

no céu ainda é domingo

azul e branco.
nuvens de algodão.
bolinhos de chuva.
sorrisos e perfeição.
o céu é sua imaginação.
bonito e radiante,
mas, infelizmente, distante.
verde e amplo.
o gramado é baixo.
abaixo.
o sol o esquenta.
conforta.
o dia está como domingo.
sol.
silêncio.
chimarrão.
sorriso.
pena ser apenas terça...

sábado

flores de papel


como as flores que murcham sem água,
como os papéis que queimam com o fogo;
querer ser feliz pode ser perigoso.

sexta-feira

rotina

Quando você entrar, por favor, feche a porta; logo após vá à janela para fechar as cortinas verdes. Assim a gente se isola neste mundo sem exigências. Desligue o telefone, e acenda as luzes para leres melhor o jornal; leia-o com calma, sentado no sofá. Enquanto isto, eu vou fazer algo na cozinha, e não tente me fazer falar alto por que eu sou louca e vivo rouca; se quiser me ouvir levante-se e vá onde eu estiver. As malditas pastilhas que eu me esqueço de comprar na farmácia têm uma parcela alta na minha rouquidão, mas hoje não é dia de sair; vou deixar de comprá-las mais uma vez.
Você sabe como é: eu sou de gêmeos, mas não sou duas; eu tento ser boa em tudo, mas sou somente aprendiz. Então, não force as atitudes, não me faça sair quando você está comigo, não tente me fazer ver jogos de futebol, ou ir a churrascos aos domingos. Essas coisas me deixam de mau humor, e para melhorar somente um café na cama feito por ti, ou um filme antes de dormir; afinal, só você sabe me deixar boba e gentil.
No final do dia abrace minha boca e beije meus braços; pegue minha mão e veja meu compasso. É nessa hora que eu cometo meu maior crime: amar-te. Só não venha me prender por que eu não aceito correntes, viver livre é bom para te abraçar na manhã seguinte, quando você abrir as cortinhas e sair pela porta. Durante o dia ainda existe uma rotina.

quinta-feira

feliz aquele que vê ...

o sol que aquece;
o abraço que conforta;
o olhar que protege;
o vento que esfria;
o sorriso que ilumina;
tudo com a beleza da noite
e o brilhar do dia;
o amarelo da flor,
a mão que guia.

sábado

dúvida

não sei o que é melhor: ter os olhos fechados durante um beijo teu, ou mantê-los abertos para gravar tua beleza.

segunda-feira

primeiro passo

você é o motivo do meu sorriso
o motivo da felicidade é o primeiro passo
dado por nós, hoje.

domingo

suspiro de saudade

o lado direito da cama está vazio
o lado esquerdo do peito está se quebrando
o perfume do ar já foi embora
as lágrimas ocupam o lugar do sorriso

me deito e não consigo dormir
pensamentos turbulentos não me deixam agir
eu quero saber o que aconteceu
eu quero voltar no tempo que você ficava aqui

o copo não permanece mais na mesa
as cortinas não se fecham mais a noite
as mãos entrelaçam apenas o travesseiro
as cobertas são o que me esquentam

se eu acordar sozinha, não vou suportar
a ausência de tudo que me fez bem;
a ausência daquele que amei.

sábado

é amor ou engano?!

Do nosso amor restaram a moldura na escrivaninha e as cartas na gaveta. A moldura é apenas mais um lugar para aglomerar o pó; as cartas são apenas a prova da mentira, mencionando o futuro que planejamos e não ocorreu.
Duas voltas com a chave e eu me prendo diante de tais lembranças, que faço questão de não fugir. Eu poderia rasgar a foto, quebrar a moldura, e botar fogo nas cartas. Mas eu deixo tudo ao alcance da lembrança diária. O sofrimento da ausência é substituído pelos momentos recordados.
Agradeço-te os dias e noites em claro; agradeço as flores sem motivo, e as mantenho - secas - entra os livros que leio; agradeço as horas assistindo um bom filme, mas ninguém precisa saber que os vejo novamente para lembrar você; agradeço cada abraço que me aqueceu durante o frio, e todas as vezes que pegou minha mão para me guiar; agradeço cada segundo que esteve comigo, mas não te ligarei para agradecer.
Diariamente eu tento ter coragem para deixar de lado todo esse passado, mas ao invés disto, eu tiro o pó da moldura e releio as palavras doces que escrevia. Eu me tranco no quarto e abro a janela para deixar a luz entrar. Eu seco minhas lágrimas e durmo ao som da música - tempos modernos, do Lulu Santos - que tocava no dia que nos conhecemos.
Dizem por aí que o primeiro amor é o primeiro engano, e só o tempo pode apagar as magoas. O primeiro amor, para mim, é o primeiro brilho nos olhos; e o tempo não faz esquecer, pelo contrário, faz-nos lembrar de tudo que foi bom e não vai voltar.

sexta-feira

antes do amor, a proteção
antes da proteção, a confiança
antes da confiança, o afeto
antes do afeto, os olhares
antes dos olhares, a vontade
antes da vontade, o amor.

segunda-feira

na lua -quase- cheia

Uma noite, um horário e um lugar. Uma pessoa, um sentimento e um gesto. Se tivesse fotos, seriam coloridas e cheias de vida; se tivesse um bilhete, teria uma frase bonita e um pouco de perfume; se fosse um livro, iria para a cabeceira da cama para ser lido todos os dias.
Naquele momento ele segurou as minhas mãos como quem segura um tesouro, firme para não perder. Olhou-me como quem olha um presente, analisando centímetro por centímetro para conhecer. Conversamos como quem passa um texto no ensaio da peça de teatro, com muito entusiasmo. Então, beijou-me como quem dá o primeiro beijo, com medo e desejo. Guardei todos os minutos dentro da memória para, no outro dia, saber que não foi só sonho.

domingo

do que precisamos?!

Você acha que conseguiria ser frio e calculista? Vai achar até o momento que seus cálculos saírem errado e você ver que é hora de sentar e recalcular, de reformular cautelosamente cada passo. Então as lágrimas mancharão as folhas, e os cálculos vão novamente falhar.
Todos nós precisamos de um beijo no pescoço, uma mão dada no parque, uma segunda intenção; todos nós precisamos de amor.
Você se acha popular e cheio de amigos? Vai achar até o momento que precisar conversar e ver que não há alguém para te ouvir ou te consolar. Então você vai se fechar no quarto, e verás o valor do silêncio quando se quer chorar.
Todos nós precisamos de um travesseiro, de um urso para amassar, de folhas rabiscadas; todos nós precisamos gritar.
Você acha que aquele sentimento é para sempre até que vem uma magoa e destrói tudo? Então você vê que o "para sempre" sequer existe, e a maior felicidade pode se transformar na maior tristeza.
Todos nós precisamos fugir, nem que seja por um dia. Fugir da realidade ou da cidade, não importa se você vai ir à praça ao lado de casa, você precisa sentir a liberdade batendo no rosto, e assim você vai ver que a tristeza pode se transformar em felicidade.
Todos nós precisamos viver cada instante, às vezes estar sozinho é mais seguro que estar com outras pessoas, sozinho é não haverá magoas ou lágrimas, não haverá traição ou arrependimentos; sozinho é você e o silêncio, você e seus pensamentos.

simples



A simplicidade proporciona as coisas mais belas. Você precisa ver os pequenos detalhes. A única nuvem em um céu esplendoroso e azul. Um abraço que envolve pessoas e sentimentos. Uma mão que aproxima ou um olhar que fala. Você precisa ver a beleza atrás do que aparenta.


quinta-feira

incógnita

- Quem é você?
- Sou a Joana...
- Não perguntei seu nome, perguntei quem é você.
- Sou filha da Ana e do Roberto...
- Não perguntei de quem você é filha, perguntei quem é você.
- Sou uma garota alegre, que está sempre disposta a ajudar os outros...
- Não perguntei suas características, perguntei quem é você.
- Eu sou uma pessoa que gosta de caminhar, de ler, de conversar...
- Não estou querendo saber seus gostos e desgostos, quero saber quem é você!
- Quem sou eu?

(...)

sexta-feira

não faça

Não atenda o telefone quando for inconveniente, eu vou ficar braba na sua frente, mas no fundo eu vou entender. Não responda meus recados quando for fora de hora, é só consequência por eu te querer 24 horas.

quarta-feira

cartas de amor

Pego caneta, papel e uma xícara de café. São 2h26 da manhã, hora de começar.
"Como estás?! espero que bem! Queria começar dizendo que tenho que falar e me expressar de uma vez por todas, assim eu vou acabar com essa angústia de não saber o que se sente..."
Às 2h35 da manhã o primeiro papel é amassado e deixado de lado, vamos começar outra vez. Não pode ser tão difícil falar o que eu quero a ele; o café está acabando, e os pensamentos começam a chegar na minha cabeça ...
"espero que esteja tudo bem contigo e que depois destas linhas as coisas não mudem entre a gente. Eu precisava te falar das minhas lembranças, do modo que eu me lembro dos primeiros olhares, das primeiras palavras, e de como a rua era mais segura quando eu caminhava contigo. Sei que tudo aconteceu de um modo que nem eu entendo, foi tão surpreso pra ti como foi pra mim..."
O café acabou e mais uma folha é amassada. Parece que o nó na minha garganta não desata e com isso as palavras não saem do modo que eu imagino.
Água para mais um café. Noite fria para um verão. O relógio aponta ser 3h02 da madrugada e enquanto o tempo passa rapidamente o sono não passa nem perto de mim. Mais um papel, mais uma xícara de café , e a mesma caneta - cansada de rabiscar fatos que são amassados -.
"Como tu estás, nesta noite tão fria?! Hoje pensei muito em ti, em como te dizer algumas coisas que antes não falei. Por mais que já tenham se passado meses, lembro com muita clareza cada dia que te vi, cada palavras que te falei, e teus gestos como se você estivesse agora na minha frente.
Você que sempre teve um jeito marrento de andar, um sorriso meio lateral, e segredos que ninguém consegue desvendar. Sei que diante de tudo as coisas foram se tornando especiais, que os gostos foram sendo expostos, e os segredos compartilhados. Tantas foram as risadas, e as caras fechadas, os abraços, e os olhares que eu não soube interpretar.
Se eu te disser agora que te amo, já vai ser tarde demais, mas ainda assim eu estou aqui em plena madrugada estranha de verão pra te dizer que nada é em vão e que as coisas sempre são na hora certa, mesmo que a hora certa demore. Quando não estava nos meus planos te ter nos meus braços, você me colocou pra dormir, me aquecendo em um fim de tarde frio; quando não estava nos meus planos te beijar, você caminhou comigo em uma rua vazia, eu pude sentir como era seu beijo em uma noite que jamais vou esquecer; quando não estava nos meus planos te deixar, você me abraçou, pediu para eu voltar, mas mesmo assim você fez acabar..."
Já passaram das 4h da manhã e novamente uma folha é amassada e jogada ao chão. Pode não parecer, mas falar de sentimentos é realmente difícil. E mesmo que eu tente dizer algo, o silêncio vai permanecer por medo do que acontecerá posteriormente.
Então comece a prestar atenção no silêncio, no olhar, em um pequeno gesto; eles podem te dizer algo ou mesmo tudo aquilo que palavras jogadas ao vento vão esconder.

terça-feira

um.

o primeiro erro é sempre meu, ele se completa com o seu silêncio;
as primeiras desculpas são sempre minhas, elas são aceitas com o seu sorriso;
a primeira indireta se remeteu a você, dita por mim em um momento de coragem;
as primeiras lágrimas caem pelo meu rosto, derramadas por você não estar comigo;
seja o primeiro alguma vez, traga-me o primeiro beijo com sua timidez;
esqueça os erros e pontos fracos, venha até mim e ocupe seu espaço.

quinta-feira

biografia

O certo seria começar falando do dia em que a gente se conheceu, mas o começo normalmente é no final. É no final que damos o real valor às pessoas e fatos; que a história toma um rumo, mesmo que ruim; que começamos a ver o que passou!
Em um livro descobre-se de parágrafo a parágrafo uma razão para prosseguir lendo até o fim. O livro da sua vida me mostrou muito, mas eu não li as entrelinhas e deixei muita história para trás. Você não foi um conto de fadas, não chegou com um cavalo branco para me raptar. Não foi uma história em quadrinhos, não era um super-herói com poderes para me salvar. Você é uma história de um romance qualquer, e eu espero que tenha o clássico final feliz de romances.
Afinal, não são as histórias contadas por terceiros que me fazem pensar, mas sim as que meu silêncio pode presenciar, misturado com paixão e medo. Você é daqueles romances com um problema para resolver, que fazem a mocinha sofrer para dar sabor à história. Mesmo que eu diga o quão importante você é para mim, não vai impedir de você mudar as linhas do final, de se afastar, de se tornar apenas um retrato ou um bilhete no mural.
Eu queria que você fosse como meu diário, onde eu escrevo apenas o que me convêm e é relativamente saudável para a memória. Podia ser um livro com todas as frases bonitas que um dia me disse; singelo e sincero. Podia ser meu príncipe encantado, sem cavalo; meu super-herói, sem poderes. Podia ser o amor. O amor é um passeio no parque, um suor no inverno, uma coberta no verão, duas mãos dadas com a imaginação; ele não é clichê, é necessário.
Você poderia resolver o problema, parar de se afastar e partir para o final feliz. Você pode ser aquilo que foi no começo, aquele que me olhava nos olhos antes de tocar na minha mão; que me abraçava antes de tocar meus lábios; que me ouvia como um amigo fiél e dava razão para eu prosseguir lendo o nosso romance.