domingo

erva doce

Senta na varanda com tua xícara de chá, teu cobertor quentinho e espera. Espera a noite chegar porque o mundo já não faz sentido neste final de tarde.
Espera o telefone tocar para eu dizer que entre o certo e o errado eu prefiro você.

quarta-feira

laço de seda

Está garoando e a cafeteria é o melhor abrigo. Ela senta na mesa paralela a janela e vê o movimento das pessoas embaixo de grandes e coloridos guarda chuvas, de casais sorridentes e crianças pulando nas poças formadas. Ela olha e sente cada volta que o relógio dá.
A ansiedade para o fim da semana é o que aquece o coração, enquanto o café aquece suas mãos. Anseia o abraço pela data comemorativa. É muito tempo e muita história; é como chuva que aparece sem pedir; é como o laço no cabelo que enfeita o que já é belo.

- uma colher de açúcar, por favor, para adoçar essa chuva enquanto eu espero meu amor.

domingo

mancha de vinho

Ela pega uma taça de vinho e faz um brinde ao sentimento que ela deu, mas não soube sentir reciprocidade. Brinda com a lua porque é a única companhia nessa noite fria.
Ela se encosta na janela, ferida com as lágrimas que caem pelo seu rosto e com o vento que corta sua pele. Amar dói mais que queimadura de sol, mais que corte com a faca; dói porque é uma dor que a gente não alcança para curar; dói no coração, na mente.
Ela vê o movimento do alto do prédio, vê as luzes que são acendidas a apagadas nos prédios ao lado, vê a lua sorrindo enquanto ela chora.
Ela é uma garota qualquer, com poucos amigos e muitas histórias. Uma garota com fama de má, mas que por dentro é feita de vidro. Vidro que quebra com qualquer toque mal dado, que deixa cacos para serem colados diariamente. Tanta indelicadeza de pessoas que pensam que essa garota tão cheia de si não pode ser frágil o suficiente para derramar uma lágrima.




Ela sou eu, apenas a garota dos relatos mudos para os corações surdos.