quarta-feira

dois mil e doze desejos

Chega o momento derradeiro do ano, mas quem vai ligar para as tristezas enquanto os fogos explodem? Quem vai perceber lágrimas em um rosto molhado pela água do mar? Quem vai ouvir os lamentos durante o murmúrio da meia-noite?
A cada desenho que as nuvens formarem no céu, a cada onda que eu pular no mar, a cada gole de um champagne qualquer: haverão planejamentos para o ano que chega. Mas quem vai se importar com a minha lista de desejos? Quem vai me ajudar a ser feliz? Quem vai traduzir a entrelinha?
Os segredos e os mistérios, alguém me diga o que significa?
A morte parece bela, parece a fera.
A vida é cruel, mas um tanto quando fiél.
Opostos que se atraem, como vida e morte.
Quando o relógio unir os dois ponteiros, será somente um ano que passou e uma bagagem maior de histórias; quando a missa começar, o galo vai estar dormindo; e quando a primeira bebida for aberta, vou lembrar de ti.
Quatro zeros dão sorte? ou só eu gosto de superstição?
Comer lentilha e pular sete ondas. Um pedido para cada onda ou um pedido para a lua?
Você volta logo ou vou ter de esperar o próximo ano?
Quem liga para a xícara de café que esfria enquanto você não chega? Quem liga para a flor que seca na sua ausência? Quem liga? O telefone sequer toca.
Tocar, verbo útil e inútil. Cada qual com seu ponto de vista tocante.
Volto ao foco: um ano de sorrisos moldurados, de fatos escritos, de cantos pintados, de dias imprevistos, e de um amor conservado.
Chegou um momento derradeiro no ano e antes que eu me pergunte novamente sobre tristeza e lágrimas, já me respondo que este ano quero alegrias contornando sorrisos bobos e abraços fortes. Não importa quem vai se preocupar, eu me importo com o tempo que vou perder planejando ao invés de viver sem planos.

terça-feira

chasing pavements

É só uma menina com a unha bem feita, o cabelo arrumado e a roupa alinhada; com um sorriso no rosto e um brilho no olho. Mas com um interior que chora e veste trapos.
É assim a história: disfarce seu estado para que não tenham pena de você.
Um dia ruim, de uma semana ruim e de um mês pior ainda. Mês ruim apenas pelo fato de eu não te ter completamente comigo.
Quantas vezes mais iremos dar um basta em uma história que merece uma chance? Quantas vezes mais terceiros tentarão destruir essa história? Inúmeras, eu apostaria. Resta saber quantas mais a nossa história suporta.
Eu gosto do modo como tu me faz sorrir quando eu estou braba com alguma situação, de quando tu me abraça porque eu choro feito uma criança, ou de ouvir um simples 'bom dia' quando acordamos depois do meio-dia.
Eu realmente sou ciumenta, irritante e infantil. Eu realmente escuto demais as pessoas ao invés de ouvir o que tu me diz. Mas eu sou assim e foi dessa pessoa que tu começou a gostar, por que eu mudaria?
Sozinha eu posso ser a guria que chora de pijama em um quarto onde a música lembra o modo como a gente ri no meio das conversas idiotas, que perde a fome e o sono; mas quando eu sair desse quarto serei a garota que segue em frente de cabeça erguida, aquela que quer aprender a voar "and fly around in circles"