sexta-feira

quatro cantos

Uma bebida tomada até a última gota. Um caminhar em zig-zag por ruas escuras. Um alívio trocado por um medo de não saber onde é o fim da linha. A felicidade se transmite pelos olhos, a mão treme de desejo, o coração pulsa de vontade. Eu não sei se haverá desvio, retorno ou curva, mas enquanto o movimento for retilíneo eu tenho chances.
A janela fechada, a porta trancada e a luz apagada. O perfume tomou conta da casa, do quarto, da roupa, da pele. O olhar fixo arde a pupila. O abraço forte esmaga os ossos. Estamos presos entre os quatro cantos do mundo. Estamos em um mundo paralelo e escuro.
Eu apenas observei, sem julgar ou aprovar.
Saí e deixei a porta aberta para expandir o ar. Levei comigo apenas as lembranças para guardar dentro da mala. Os sentimentos podem não ter peso na balança, mas as lembranças têm. É o modo de você permanecer comigo independente da distância, das lágrimas que mancharão os papéis que você escreveu algo. Os lamentos não farão diferença depois que eu for embora.
A janela se abrirá, a porta se destrancará e a luz ficará acesa. O perfume com o tempo sairá da casa, do quarto, mas não de mim. O olhar ficará mais real quando eu fechar os olhos.
Eu apenas observei, decorei cada metro dos cantos do mundo, cada centímetro de quem o habitava.
Apenas segui o caminho que foi traçado, sozinha.

4 comentários:

  1. Sim, as lembranças podem pesar toneladas...Elas têm peso proporcional à importância.

    =*

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  2. Fica gravado em nós, compondo o que seremos a a partir de. Tudo se apaga, menos o que foi construído em nós.

    Bom final de semana!

    Bjs!

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  3. Nos exilamos aqui. Nas lembranças e nos caminhos que trilhamos. Belo texto, estou a seguir-te. Retribuindo a visita (voltarei mais vezes). Um beijo grande.

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  4. Belo texto.
    E como já disseram, as lembranças podem pesar toneladas. As boas, valem a pena serem carregadas e as ruins nos dão alívio quando esquecidas, como se algo tivesse mesmo sido tirado de nossas costas.

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