quarta-feira

ainda há tempo

Eu acendi um cigarro para ver a cinza se formando no filtro que queima; para mim os acontecimentos são como este cigarro: se não houver quem acenda, ficará esquecido em uma prateleira empoeirada.
Enquanto isso, eu só queria conseguir dar procedimento ao que quero falar, mas já é a oitava ou nona vez que eu apago e recomeço a escrever. Das duas uma, ou não há vocabulário suficiente para eu me expressar ou é pensamento demais para concluir.
Existem tantos questionamentos, tanta peça que não encaixa. Esse quebra-cabeça está difícil demais de ser construído, estou sozinha e preciso de ajuda. Sozinha com a dor que vira rima e lágrima que vira linha. Onde tu estás quando eu preciso?
É difícil não poder ligar, mandar uma mensagem, saber como foi o dia; mas é fácil esconder a tristeza mascarada com alegria.
Cigarros irão encher meu cinzeiro se eu permanecer tragando essas dúvidas, em uma quarta-feira que poderia ser como as da primavera passada, mas não serão. Você não tocará o interfone e não sentará no sofá para apreciar o céu azul. Eu não ouvirei o doce som da sua voz e você não tocará o suave tom da minha pele.
Cigarros são acesos e apagados, assim como paixão que começa e acaba.

Um comentário:

  1. Paixão queima como a brasa do cigarro e se vai como a fumaça dele.

    beijos!

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