sexta-feira

você vai lembrar

Quando ela for na sacada, vai ver o céu vermelho e um pôr-do-sol que compete com a beleza do mar. Ela verá a areia voando com o vento, mas não verá ninguém caminhando sobre ela. Ficará horas admirando a paisagem encontrada naquele dia. Pensará em todos os momentos que fossem possíveis. Deixará o tempo passar, sem sequer se dar conta.
Ela estava sozinha, não havia uma pessoa para enxugar suas lágrimas, para ouvir seus lamentos, ou mesmo para lhe dar um abraço preciso. O cheiro da maresia se misturava com o cheiro das flores expostas na sacada. O barulho do mar se misturava ao canto dos pássaros. Um lugar.
Na sala, um sofá vazio, uma foto ao lado, um cigarro apagado. A colcha estava amaçada a tempos, no canto do sofá, sem ninguém tocar. A foto estava no local mais próximo da visão, para ser analisada diariamente. Um dia houve dois corpos.
O tempo arrumou tudo para a garota estar naquela situação: sozinha, chorando. Cada mês era um passo evolutivo. Como o bebê que começa a caminhar, cada passo é uma felicidade. Três passos. O tempo mostrou que ser feliz não depende apenas de uma pessoa. Que nem sempre a felicidade é o suficiente, nem sempre o amor é suficiente. A garota fitou o pôr-do-sol como quem se despede da vida.

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