quarta-feira

luz e som

Eu me viro de um lado para o outro na cama. Cama com lençóis amaçados, com travesseiros a mais. Minha escravaninha está empoeirada. Com minhas lentes de contato espalhadas e um copo meio vazio, ou seria um copo meio cheio? Apenas um copo com água, esquecido. Os livros estão ao chão, atirados, abertos em páginas sequer escolhidas. Quatro velas iluminam tudo isso. Preciso de um chá e de um amor, quentes de preferência. A prateleira guarda discos que falam o que penso. As máscaras atrás da porta são para esconder minha tristeza, diariamente.
Os pedaços rasgados das fotos demonstram sorrisos obtidos. Sorrisos tortos, espontâneos, alegres. É tudo um misto de vício e defeito. Um misto de algo que foi e não é. Quero continuar deitada, virando-me de um lado para o outro. A janela aberta traz um cheiro de terra molhada. A chuva sem vento faz com que as velas não se apaguem. O fogo permanece. As lembranças estão vivas. Meu coração bate desproporcionalmente. O bilhete com datas rabiscadas está na cabeceira. Apenas eu faço disso uma memória. Apenas eu faço do amor a esperança. Apenas eu. Sem você. Com a solidão presente. Sem presentes.

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