sábado

é amor ou engano?!

Do nosso amor restaram a moldura na escrivaninha e as cartas na gaveta. A moldura é apenas mais um lugar para aglomerar o pó; as cartas são apenas a prova da mentira, mencionando o futuro que planejamos e não ocorreu.
Duas voltas com a chave e eu me prendo diante de tais lembranças, que faço questão de não fugir. Eu poderia rasgar a foto, quebrar a moldura, e botar fogo nas cartas. Mas eu deixo tudo ao alcance da lembrança diária. O sofrimento da ausência é substituído pelos momentos recordados.
Agradeço-te os dias e noites em claro; agradeço as flores sem motivo, e as mantenho - secas - entra os livros que leio; agradeço as horas assistindo um bom filme, mas ninguém precisa saber que os vejo novamente para lembrar você; agradeço cada abraço que me aqueceu durante o frio, e todas as vezes que pegou minha mão para me guiar; agradeço cada segundo que esteve comigo, mas não te ligarei para agradecer.
Diariamente eu tento ter coragem para deixar de lado todo esse passado, mas ao invés disto, eu tiro o pó da moldura e releio as palavras doces que escrevia. Eu me tranco no quarto e abro a janela para deixar a luz entrar. Eu seco minhas lágrimas e durmo ao som da música - tempos modernos, do Lulu Santos - que tocava no dia que nos conhecemos.
Dizem por aí que o primeiro amor é o primeiro engano, e só o tempo pode apagar as magoas. O primeiro amor, para mim, é o primeiro brilho nos olhos; e o tempo não faz esquecer, pelo contrário, faz-nos lembrar de tudo que foi bom e não vai voltar.

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